Cientistas americanos acabam de abrir um novo capítulo na medicina com o lançamento de uma tecnologia revolucionária apelidada de ‘editor de texto genético’. Esta inovação promete uma era onde 89% das doenças genéticas poderiam ser corrigidas com precisão cirúrgica, corrigindo falhas no DNA que são a raiz de tais condições.
Apelidada de “prime editing” ou “edição de qualidade”, esta técnica foi desenvolvida por uma equipe de ponta do Instituto Broad, uma colaboração entre a Harvard University e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Ela já demonstrou sua eficácia em laboratório, corrigindo mutações responsáveis por condições como a anemia falciforme.
Com cerca de 75 mil mutações genéticas causadoras de doenças conhecidas em seres humanos, o bioquímico David Liu, parte da equipe de pesquisa, acredita que o “prime editing” pode ser a chave para corrigir 89% dessas mutações. Os desafios restantes incluem casos onde há cópias extras de um gene ou a ausência completa de um.
Os elogios à essa tecnologia não param de chegar. Helen O’Neill, geneticista da University College London, descreve os resultados como “impressionantes”, destacando a pesquisa in vitro que incluiu 175 exemplos de edições genéticas, abordando algumas das doenças mais desafiadoras. Robin Lovell-Badge, do Francis Crick Institute em Londres, também celebra o estudo, enfatizando o potencial do método em terapias para uma vasta gama de doenças genéticas.
A pesquisa, publicada na revista Nature, detalha como os cientistas conseguiram inserir ou remover seções de DNA, um processo essencial dado que nosso DNA contém três bilhões de “letras” que instruem o desenvolvimento e funcionamento do corpo. Pequenos erros nesse código podem levar a doenças graves, como a anemia falciforme e a doença de Tay-Sachs. O “prime editing” mostrou-se capaz de corrigir essas falhas com uma precisão e flexibilidade sem precedentes.
O próximo grande desafio é desenvolver uma maneira de aplicar essa tecnologia de forma segura e eficaz dentro do corpo humano, um passo crucial para transformar essa promessa em tratamentos reais. Inicialmente, isso pode ser viável para doenças do sangue, onde as células podem ser editadas fora do corpo e reinseridas após a correção.
“Nós podemos corrigir mutações humanas ligadas a doenças”, afirma a bióloga molecular Hilary Sheppard, da Universidade de Auckland, ressaltando, no entanto, que levará tempo para que essa técnica seja aplicada em tratamentos clínicos devido à complexidade de garantir que as edições sejam feitas nas células corretas e de maneira segura.