Nova edição da Haṭhayoga Pradīpikā. Temos o prazer de apresentar à família dos yogins lusófonos uma nova edição da Haṭhayoga Pradīpikā, guia clássico para a prática de Haṭhayoga, que aparece aqui em uma das suas formas mais antigas. A importância desta obra deve-se ao fato dela ser o manual mais detalhado sobre a ciência do Haṭha que chegou até nós.
Pradīpikā significa “elevada luz”, mas também quer dizer “explicação”, “comentário”. O prefixo pra denota elevação, preenchimento, grandeza. Dīpikā é a luz de uma lamparina. Haṭhayoga Pradīpikā é, então, a explicação sobre os métodos que o Haṭhayoga utiliza para revelar ao praticante que ele já é a libertação que procura. O nome pode ser traduzido como “Clara Luz sobre o Haṭhayoga”. Essa libertação, chamada mokṣa, é a grande meta de todas as formas de Yoga.
Svātmārāma, o autor, parece ter vivido por volta do século XV de nossa era. O nome Svātmārāma significa “aquele que encontra a graça no Ser que é (Ātma)”. Ele expõe aqui as disciplinas fisiológicas e vitais que fizeram célebre o Haṭhayoga, integradas junto com as práticas contemplativas do Rājayoga.
O Haṭha é uma forma de Yoga com raízes na Índia antiga mas que ganhou muita força no período medieval, entre os séculos IX e XVI desta era. Como todas as demais manifestações do Yoga, tem um único objetivo: mokṣa, a liberdade. Essa libertação é um processo cognitivo que consiste apenas em reconhecer a si mesmo como alguém livre de limitações. O estilo de vida, os valores e demais temas estão sempre em função dessa meta essencial.
A peculiaridade do Haṭha é que busca essa liberdade através de uma série de práticas e reflexões que visam ao despertar da potencialidade humana, chamada kuṇḍaliṇī. Esse despertar acontece através de um esforço, que não deve interpretar-se no sentido físico: trata-se de um esforço no sentido do autoconhecimento, uma reflexão feita tendo como base o corpo e a vitalidade, mas que acontece no sentido de compreender a própria natureza, que transcende as esferas física, vital e psíquica.
Segundo a Gorakṣaṣaṭaka, uma obra contemporânea da Pradīpikā, a palavra haṭha, que literalmente significa “grande esforço”, deriva das sílabas ha, sol, e ṭha, lua. Nessa palavra, portanto, está implícita a visão do Tantra, que finca as suas raízes na ancestral tradição não-dual dos Vedas.
A integração das forças solar e lunar, a transcendência da identificação com todos os pares de opostos, condição prévia para o despertar da potencialidade humana, é o objetivo deste Yoga. O período em que o Haṭha surgiu coincide com um momento muito especial da história, em que os adeptos do Tantra apresentaram a uma Índia pasmada e acomodada no ritualismo bramânico uma visão revolucionária e dinâmica do universo e do homem.
Fonte: https://www.yoga.pro.br/
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