A indústria solar alemã deve treinar um “número inacreditável de pessoas” para atender à crescente demanda, declararam os instrutores.

A energia solar é a chave para o plano da Alemanha de se tornar neutra em carbono – e acabar com sua dependência da energia russa.

Em comparação com 2021, a capacidade fotovoltaica instalada no setor residencial aumentou 40%.

Agora, a empresa solar Enpal iniciou sua própria escola vocacional, treinando pessoas de ‘todas as origens’ para impulsionar essa transição.

“Desde a invasão russa da Ucrânia, muitas pessoas queriam se livrar da energia fóssil e dos altos custos da energia”, disse Wolfgang Gruendinger, porta-voz da Enpal.

A start-up de Berlim oferece aluguel de painéis solares de longo prazo, completo com instalação e manutenção.

A fórmula está se mostrando atraente. A Enpal, que iniciou suas atividades em 2017, informou que já alugou 40.000 kits para pessoas físicas, sendo 18.000 somente no ano passado. Atualmente, instala 2.000 kits por mês.

” A demanda é muito grande. Temos que instalar muitas unidades no menor tempo possível, ao mesmo tempo em que temos uma grande escassez de mão de obra qualificada”, disse Alexander Friedrich, que foi contratado pela empresa para treinar novos funcionários.

A escola solar está em sessão

Para fazer frente à procura , a Enpal montou no ano passado a sua própria escola de formação em Blankenfelde, no sul de Berlim, para formar trabalhadores na instalação de painéis, bem como formar eletricistas especializados para trabalhar em painéis fotovoltaicos.

“Estamos recrutando pessoas de todas as origens – ex-trabalhadores de pizza, cozinheiros, entregadores, motoristas de táxi”, disse Gruendinger.

A empresa coloca cerca de 100 novas contratações na escola a cada mês.

Entre eles está Ode, um jovem de 19 anos que respondeu a um anúncio no Instagram oferecendo o treinamento de quatro semanas.

Aprender “algo novo” o atraiu para aceitar o desafio.

“Gosto muito do fato de ser um trabalho que vem com ar fresco e de estar sempre na estrada”, acrescentou.

A Enpal não tem critérios educacionais proibitivos para suas novas contratações. Mas um requisito fundamental é que os novos recrutas subam uma escada alta atingindo pelo menos dois andares para filtrar aqueles com medo de altura.

O som de furadeiras, chaves de fenda e componentes metálicos sendo manuseados por grupos de aprendizes reverberou pelo hangar de treinamento.

Usando capacetes e presos a cordas, os estagiários praticavam em réplicas de telhado montadas no chão.

A tarefa deles é urgente.

Com que rapidez a Alemanha espera fazer a transição para energias renováveis?

A Alemanha pretende que 80% de suas necessidades de energia sejam cobertas por fontes renováveis ​​até 2030, contra 46% um ano atrás.

Para fazer isso, os legisladores estabeleceram a meta de instalar 215 gigawatts (GW) de capacidade fotovoltaica até 2030 – o que significa que a taxa anual de instalação deve ser triplicada em relação ao esforço do ano passado de 7,2 GW.

Prevê-se que os telhados de fábricas e edifícios comerciais, bem como os campos, sejam cobertos com eles, de acordo com o projeto de lei que promove a sua instalação.

Mas “a escassez de trabalhadores qualificados ameaça desacelerar a transição energética “, alertou o think-tank German Economic Institute (IW), com sede em Colônia, em um relatório recente.

A diferença de trabalhadores é tão grande que a Federação das Indústrias Solares (BSW) disse que estava olhando para a ambiciosa reforma da imigração do chanceler Olaf Scholz para fornecer algum alívio.

A lei, que deve ser aprovada este ano, visa facilitar as questões de imigração. A BSW cita o exemplo de um acordo recente que visa atrair trabalhadores indianos treinados em instalações de energia solar.

A IW estima que haja um déficit de 216.000 eletricistas, especialistas em aquecimento e ar condicionado e especialistas em TI necessários para desenvolver o setor de energia solar e eólica na Alemanha. O número não leva em conta os planos de trazer de volta a produção de painéis solares para a Alemanha.

Atualmente, 80% dos componentes dos painéis vêm da China, segundo a Agência Internacional de Energia.

Fonte: https://www.euronews.com/green/2023/03/22/from-pizza-cooks-to-solar-installers-inside-the-new-german-school-training-renewables-work